sábado, 24 de outubro de 2009




PROJETO CIA. DO CORDEL
Professora Luciana Lima

Diante da dificuldade dos alunos em leitura e desinteresse, quase que total por ela, nasceu a necessidade de encontrar um instrumento ou ferramenta que tornasse esse distanciamento menor. Por estar sempre envolvida com eventos culturais e manter um relacionamento muito estreito com as manifestações populares, foi que surgiu a oportunidade de unir o útil com o que é agradável.

Como simpatizante das literaturas, o Cordel não poderia ser deixado de lado. Então apresentei aos alunos de 7ºano à Literatura de Cordel, e mal pude acreditar no que via. Alunos lendo voluntariamente e recontando para os colegas as melhores partes de cada leitura. A maior recompensa deste trabalho foi ouvi-los dizendo que entraram na Internet para procurar outras histórias, procurarem sobre o autor do cordel lido em sala de aula. E já se passaram quatro anos, e ainda hoje vibro com as diversas reações dos alunos, quase sempre positivas.

Neste período de trabalho, com esta Literatura, realizamos apresentações na biblioteca da escola para algumas turmas, e no segundo ano fomos convidados pelos organizadores da Mostra Estudantil de Nova Iguaçu para fazermos a abertura do evento, que aconteceu no SESC do município em 2007. Este grupo de alunos, pioneiros neste trabalho, não fazem mais parte de nossa unidade escolar, mas continuam somando nesta empreitada de incentivo a leitura, ajudando a semear nos outros alunos a semente do amor pela leitura.

Continuar com o projeto tornou-se cada vez mais precário sem um acervo e local destinado a esta literatura, daí então surgiu a necessidade e vontade de se criar tal espaço em nossa escola. Então procurei aprofundar meus conhecimentos e minha paixão aumentou.

Procurei conhecer os mestres da Literatura de Cordel em minhas pesquisas bibliográficas, e descobri que esta é de origem européia e medieval. Grandes escritores como Gregório de Matos, Gil Vicente, Camões, Guimarães Rosa, Jorge Amado e até Vinícius de Moraes se renderam e produziram cordéis. E no centro de referência de cultura popular nordestina em São Cristóvão conheci Mestre Azulão, um dos ícones em produção de Literatura de Cordel.



Também conheci Miguel Bezerra que por vários motivos para mim será sempre único. Repentista e poeta, domina e apresenta todas as modalidades de produção de repente e faz diferença entre este e o Cordel.

E ainda descobri que os cordelistas possuem uma academia ABLC (Academia Brasileira de Literatura de Cordel) situada em Santa Teresa, popularmente conhecida como Casa do Cordel. É ordenada e organizada por seu presidente Gonçalo Ferreira. A Literatura de Cordel também possui seus imortais. Que máximo!!!

Não se pode tratar de cordel sem destacar a arte da xilogravura. Esta é outra maravilha que este tipo de literatura nos aproxima, as capas reproduzidas com esta técnica de desenhos talhados em madeira, pedra ou metal. Tive o prazer de conhecer o xilogravurista Erivaldo Ferreira da Silva, que domina a arte desde os 14 anos e mais tarde no MAM (Museu de Arte Moderna), como bolsista, adotou e aperfeiçoou a xilogravura colorida. Vive desta arte e seu trabalho estará em todas as bibliotecas do Brasil presente nas ilustrações do livro Cordel em Arte e Versos de Moreira de Acopiara, aprovado e distribuído pelo MEC.




Após todo este percurso, e em cada momento recolhendo um pouco de material e conhecimento, neste ano 2009, conseguimos montar um modesto, porém muito importante acervo para pesquisa e entretenimento para nossa biblioteca chamado Cordelteca; onde os alunos e visitantes poderão também desfrutar desta arte. Além dos folhetos, temos placas de xilogravura e livros que fundamentam a história desta Literatura, como antologias, dicionário de cordel e muito mais.

É claro que depois de todas estas informações e incentivos para a leitura deste tipo de texto, não poderia deixar de postar um folheto para apreciação de todos que se interessaram. Este fragmento de Cordel foi retirado do folheto de Isael de Carvalho chamado O clone do capeta ou A história d’um cabra muito feio. Aproveite a leitura e comente!!!


“Há mistério nesse mundo

que me deixa intrigado

e às vezes leva-me a crer

que ta tudo errado.

Enquanto um tem beleza

que “dizem” que não põe mesa

outro é  desengonçado.

O que eu vou contar agora

Você  pode acreditar:

Se você  já viu feiúra

Daquelas de assustar,

Mas nunca viu Zé Tibira,

Irmão de Dona Jacira,

Um conselho eu vou te dar.

Tenha bastante cuidado

Com o susto imediato,

Zé Tibira é mais feio

Do que um porco-do-mato

Mas apesar da aparência

Tibira tem inocência

De criança de orfanato.

Zé Tibira é tão feio

Que assusta assombração,

Faz lobisomem desmaiar

E saci cair no chão.

Até mula-sem-cabeça

Por incrível que pareça

Já fugiu deste feião!!!!

O caso de Zé  Tibira

Chega a ser sobrenatural;

O sujeito é  mais feio

Do que morcego e bacural.

Deve ser d’outro planeta

Ou é  o clone do capeta

Que fizeram no hospital.(...)”

Escolha a parte deste cordel que você mais gostou e escreva aqui. A parte que tiver mais comentários será postada neste espaço da próxima vez.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

 
EPITÁFIO

Titãs

Composição: Sérgio Britto
 
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

sua dificuldade na internet é...

Um dos projetos da Mostra 2010

Um dos projetos da Mostra 2010
Projeto de Língua Porutguesa Professora Luciana Lima